Tuberculose na infância: uma doença silenciosa que pode ser fatal se não for tratada a tempo

Tempo de leitura: 7 minutos

Você sabia que a tuberculose é uma das 10 principais causas de morte em crianças no mundo todo? Essa doença infectocontagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, afeta principalmente os pulmões, mas pode atingir qualquer órgão do corpo.

A tuberculose na infância é um grave problema de saúde pública, pois muitos casos não são diagnosticados ou tratados adequadamente, o que aumenta o risco de complicações e sequelas. Além disso, a tuberculose na infância é um indicador de falha no controle da doença na população, pois o adulto é a principal fonte de transmissão.

Neste post, você vai aprender o que é a tuberculose e como ela afeta as crianças, quais são os sintomas, as formas de transmissão e os fatores de risco da doença, como é feito o diagnóstico, o tratamento e a prevenção da tuberculose na infância, quais são as complicações e as sequelas da doença e como identificar e ajudar as crianças com tuberculose na escola e na comunidade. Acompanhe!

O que é tuberculose e como ela afeta as crianças

A tuberculose é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Essa bactéria se multiplica nos pulmões e pode se espalhar pelo sangue para outros órgãos, como ossos, rins e cérebro,

A forma mais comum de tuberculose na infância é a pulmonar, podendo causar sintomas como irritabilidade, inapetência, perda de peso, tosse e sudorese noturna,, febre moderada e persistente, frequentemente a tarde, por mais de 15 dias.

A tuberculose na infância é diferente da tuberculose no adulto em vários aspectos. As crianças têm maior risco de desenvolver formas graves e disseminadas da doença, como a meningite tuberculosa ou a tuberculose miliar que atinge de forma difusa os 2 pulmões.. Além disso, as crianças têm maior dificuldade para produzir escarro para o diagnóstico, o que dificulta a confirmação do caso.

Quais são os sintomas, as formas de transmissão e os fatores de risco da tuberculose na infância

Os sintomas da tuberculose na infância dependem da forma clínica da doença. A forma pulmonar pode causar tosse persistente (mais de 15 dias), febre baixa (menos de 38°C), perda ou falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e sudorese noturna.

A forma extrapulmonar pode causar sintomas específicos de acordo com o órgão ou sistema afetado. Por exemplo, a meningite tuberculosa pode causar dor de cabeça intensa, rigidez de nuca, vômitos em jato e alterações neurológicas. A tuberculose óssea pode causar dor e inchaço nas articulações ou nos ossos. A tuberculose renal pode causar dor lombar, hematúria (sangue na urina) e alterações na função renal3.

A transmissão da tuberculose ocorre pelo ar. Quando uma pessoa com tuberculose pulmonar ativa tosse, espirra ou fala, ela elimina gotículas contendo a bactéria no ambiente. Essas gotículas podem ser inaladas por outras pessoas que estão próximas, principalmente em locais fechados e mal ventilados. As crianças se infectam ao entrar em contato com adultos doentes, geralmente familiares ou cuidadores3.

Os fatores de risco para a tuberculose na infância são:

  • Contato próximo ou intradomiciliar com caso de tuberculose pulmonar ativa;
  • Idade menor que 5 anos;
  • Infecção pelo HIV;
  • Desnutrição grave;
  • Prematuridade;
  • Baixo peso ao nascer;
  • Doenças imunossupressoras;
  • Uso de medicamentos imunossupressores.

Como é feito o diagnóstico, o tratamento e a prevenção da tuberculose na infância

O diagnóstico da tuberculose na infância é um desafio, pois os sintomas são inespecíficos e os exames bacteriológicos são pouco sensíveis. Por isso, o diagnóstico é baseado na combinação de critérios clínicos, epidemiológicos, radiológicos e imunológicos. O Ministério da Saúde recomenda o uso de um sistema de pontuação ou score para auxiliar no diagnóstico em crianças e adolescentes com escarro  negativo ou teste rápido molecular.

O tratamento da tuberculose na infância é feito com medicamentos antituberculose, que devem ser tomados diariamente por um período de 6 meses. O esquema básico é composto por quatro drogas: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. O tratamento deve ser supervisionado por um profissional de saúde e monitorado periodicamente para avaliar a adesão, a eficácia e a ocorrência de efeitos adversos3.

A prevenção da tuberculose na infância envolve várias medidas, como:

  • Identificar e tratar os casos de tuberculose pulmonar ativa na população adulta, interrompendo a cadeia de transmissão;
  • Investigar e tratar os contatos domiciliares de casos de tuberculose pulmonar ativa, especialmente as crianças menores de 5 anos;
  • Oferecer tratamento preventivo para as crianças infectadas pelo Mycobacterium tuberculosis que não apresentam sinais ou sintomas da doença;
  • Vacinar as crianças com a vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin) ao nascer ou o mais precocemente possível;
  • Promover o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e complementar até os 2 anos ou mais;
  • Garantir uma alimentação adequada e saudável para as crianças;
  • Evitar a exposição das crianças ao fumo passivo e à poluição ambiental;
  • Melhorar as condições de moradia, saneamento e ventilação dos ambientes.

Quais são as complicações e as sequelas da tuberculose na infância

A tuberculose na infância pode causar complicações graves e potencialmente fatais se não for diagnosticada e tratada a tempo. As complicações mais comuns são:

  • Insuficiência respiratória aguda;
  • Hemorragia pulmonar;
  • Pneumotórax (ar no tórax, fora do pulmão);
  • Empiema (acúmulo de pus entre as pleuras);
  • Meningite tuberculosa;
  • Hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro);
  • Tuberculoma (massa cerebral causada pela bactéria);
  • Abscesso cerebral;
  • Paralisia de nervos cranianos;
  • Convulsões;
  • Coma.

A tuberculose na infância também pode deixar sequelas permanentes nos órgãos afetados, como:

  • Fibrose pulmonar (cicatrização do tecido pulmonar);
  • Bronquiectasia (dilatação anormal dos brônquios);
  • Estenose traqueobrônquica (estreitamento das vias aéreas);
  • Insuficiência respiratória crônica;
  • Deficiência auditiva (por lesão do nervo auditivo ou ototoxicidade dos medicamentos);
  • Déficit neurológico (por lesão cerebral ou medular);
  • Retardo do crescimento e desenvolvimento3.

Como identificar e ajudar as crianças com tuberculose na escola e na comunidade

As crianças com tuberculose na infância precisam de apoio e cuidado não só da família, mas também da escola e da comunidade. É importante que os profissionais da educação e os líderes comunitários estejam sensibilizados e capacitados para identificar os sinais e sintomas da doença e encaminhar as crianças para os serviços de saúde.

Além disso, é fundamental que a escola e a comunidade ofereçam um ambiente acolhedor e seguro para as crianças com tuberculose, respeitando os seus direitos e evitando o estigma e a discriminação. As crianças com tuberculose devem receber apoio pedagógico para continuar os seus estudos e participar das atividades escolares, de acordo com a sua condição clínica.

A escola e a comunidade também devem colaborar com as ações de prevenção e controle da tuberculose, promovendo a conscientização sobre a doença, estimulando a vacinação das crianças com BCG, incentivando a busca ativa de casos suspeitos e contatos domiciliares, facilitando o acesso aos serviços de saúde e acompanhando o tratamento das crianças com tuberculose.

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