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No primeiro fim de semana de junho, o jornal New York Times publicou uma matéria com dados alarmantes sobre a Covid-19 no Brasil. Na história moderna das doenças infecciosas no Brasil, as crianças costumam ser as que mais sofrem em termos de mortes e invalidez.
Quando as epidemias de dengue surgiram no Brasil em 2007 e 2008, as crianças eram responsáveis por mais da metade das mortes. Quando mulheres grávidas foram infectadas com o vírus Zika durante uma epidemia que começou em 2015, mais de 1.600 recém-nascidos brasileiros nasceram com defeitos congênitos devastadores de microcefalia, muito mais do que em qualquer outro país.
Agora, a Covid-19 está causando doenças graves em crianças brasileiras em níveis nunca vistos em outras partes do mundo. Uma pesquisa da Vital Strategies, uma organização não governamental, descobriu que mais de 2.200 crianças com menos de 10 anos morreram de Covid-19.
Embora esse número represente menos de 0,5 por cento das 467.000 mortes de Covid-19 no Brasil, mais de 900 das fatalidades ocorreram em crianças menores de 5 anos. Os Estados Unidos registraram quase 600.000 mortes de Covid-19, mas apenas 113 dessas mortes ocorreram em crianças com menos de 5 anos.
Quando a pandemia começou no ano passado, o coronavírus parecia afetar as crianças
com muito menos frequência e gravidade do que os adultos. Então, por que tantas crianças no Brasil estão sendo hospitalizadas e morrendo por causa da Covid-19? Identificar a resposta é fundamental não apenas para a saúde das crianças na América do Sul; também é vital para entender qual caminho a pandemia de coronavírus pode tomar no futuro.
Uma possível explicação reside nas preocupantes variantes emergentes do Brasil. A cepa predominante do coronavírus em circulação no Brasil é a variante P.1 – agora chamada Gama, segundo anúncio da Organização Mundial de Saúde esta semana.
É possível que as mesmas mutações que tornam a variante Gama mais transmissível também contribuam para maiores taxas de infecções, hospitalizações e mortes entre crianças.
Claro, é igualmente provável que o aumento de casos de Covid-19 entre crianças seja parte de uma disseminação descontrolada de Gama em todas as faixas etárias. As mulheres grávidas que pegam Covid-19 correm um risco maior de doenças graves e partos prematuros, e as mulheres infectadas podem transmitir o coronavírus para seus recém-nascidos.
Dada a presença da variante Gama nos Estados Unidos – cerca de 7% dos casos de Covid-19 nos EUA podem ser atribuídos a esta variante –, é possível que casos pediátricos e recém-nascidos de Covid-19 logo se tornem mais prevalentes. Isso é motivo de séria preocupação.
Autoridades americanas estão preocupadas. Se a variante Gama se espalhar e ultrapassar os esforços de vacinação nos Estados Unidos, podem ser necessárias novas medidas de isolamento e doses extras de vacina adaptadas a estas variantes.
As autoridades de saúde pública em todo o mundo também devem continuar a educar os pais sobre a ameaça real que a Covid-19 representa para seus filhos e a importância da vacinação. Caso contrário, Covid-19 infantil pode se tornar uma nova realidade trágica.
A crise da Covid-19 no Brasil é o resultado do fracasso do governo em tomar medidas de saúde pública adequadas para limitar a transmissão do coronavírus, bem como o fornecimento inadequado de vacinas.
À medida que mais variantes transmissíveis se espalham, crises semelhantes estão ocorrendo na América do Sul, bem como na Índia e na República Democrática do Congo. A experiência do Brasil ilustra como as crianças sofrerão, a menos que os governos e a comunidade global tomem medidas ousadas.”
Dê uma lida também em nosso post sobre Teste de coronavírus: saiba como torná-los mais fáceis para crianças.
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