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Nem sempre o ronco das crianças é “só barulho”. Embora possa parecer inofensivo, ele pode indicar obstruções nas vias respiratórias ou distúrbios do sono que merecem atenção médica.
Em alguns casos, o ronco é passageiro; em outros, pode comprometer o crescimento, o aprendizado e o comportamento infantil.
Mas afinal, quando o ronco é normal — e quando é sinal de problema?

O ronco infantil e suas causas mais comuns
Roncar é o som produzido pela vibração dos tecidos da garganta durante o sono, geralmente quando há algum tipo de obstrução parcial na passagem de ar.
Nas crianças, as causas mais frequentes são:
- Rinite alérgica: inflamações nasais e congestão que dificultam a respiração.
- Aumento das amígdalas e adenóides: o excesso de tecido impede a passagem normal do ar.
- Desvios anatômicos nasais: como desvio de septo, conchas nasais aumentadas ou pólipos.
- Infecções respiratórias recorrentes: resfriados e sinusites causam obstrução temporária.
- Obesidade infantil: o acúmulo de tecido na região do pescoço pode agravar o ronco.
- Apneia obstrutiva do sono: quando há pausas respiratórias durante o sono.
- Má posição ao dormir ou sono irregular: hábitos de sono inadequados podem piorar o quadro.
Em resumo: o ronco é um sintoma, não uma doença. E entender sua causa é o primeiro passo para o tratamento adequado.
Quando o ronco é preocupante?
Sinais de alerta
Alguns sinais indicam que o ronco pode estar prejudicando a saúde da criança:
- Pausas na respiração ou engasgos durante o sono
- Sono agitado ou despertares frequentes
- Sonolência diurna, irritabilidade e dificuldade de concentração
- Atraso no crescimento ou baixo rendimento escolar
- Respiração bucal persistente, mesmo acordado
- Olheiras e boca aberta com frequência
Esses sintomas sugerem que o ronco não é apenas passageiro, podendo estar relacionado à Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono Infantil (SAOS), condição que exige avaliação médica.
O que é a apneia obstrutiva do sono infantil?
A apneia é caracterizada por interrupções repetidas da respiração durante o sono, provocadas por bloqueios nas vias aéreas.
Essas pausas reduzem a oxigenação do sangue e forçam o corpo a “acordar” diversas vezes, mesmo que por segundos — o que fragmenta o sono.
Consequências da apneia em crianças:
- Déficit de atenção e aprendizado
- Irritabilidade, hiperatividade ou alterações de humor
- Dificuldade de ganho de peso e crescimento
- Problemas cardiovasculares, quando não tratada
Segundo a American Academy of Sleep Medicine, cerca de 2% a 4% das crianças podem apresentar apneia obstrutiva do sono, e o diagnóstico precoce faz toda a diferença.
Outras causas que merecem investigação
Nem todo ronco vem da apneia. Outras condições também podem estar envolvidas:
Rinite e alergias respiratórias
A inflamação da mucosa nasal causa entupimento e obriga a criança a respirar pela boca.
Além de ronco, pode causar tosse noturna e sono agitado. O tratamento envolve controle alérgico e, em alguns casos, uso de corticoides tópicos nasais.
Alterações anatômicas
Desvios de septo, hipertrofia de cornetos e pólipos nasais também dificultam o fluxo de ar.
A avaliação otorrinolaringológica é essencial nesses casos.
Obesidade e estilo de vida
O excesso de peso está relacionado ao aumento do tecido mole na garganta, o que estreita as vias respiratórias.
A prática de atividade física e uma alimentação equilibrada reduzem significativamente esse risco.
Hábitos de sono e postura
Dormir de barriga para cima pode agravar o ronco.
Manter uma rotina de sono adequada, com horários fixos e higiene do sono, é uma medida simples que melhora a qualidade respiratória noturna.
Diagnóstico: como investigar o ronco infantil
O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada feita por um pneumologista pediátrico, que investiga o histórico da criança e observa sinais físicos.
Entre os exames utilizados, destacam-se:
- Polissonografia infantil: exame padrão-ouro que monitora sono, respiração, batimentos cardíacos e oxigenação.
- Endoscopia nasal ou nasofibroscopia: para avaliar amígdalas, adenoides e cavidades nasais.
- Radiografias ou tomografias do trato respiratório superior.
- Testes alérgicos, quando há suspeita de rinite ou outras alergias.
O objetivo é determinar a causa exata do ronco e definir o melhor tratamento.
Tratamentos e abordagens possíveis
O tratamento depende da origem do problema. Em muitos casos, mudanças simples de rotina já ajudam. Em outros, pode ser necessário tratamento médico especializado.
Medidas comportamentais:
- Regular horários de sono
- Evitar telas antes de dormir
- Manter o quarto ventilado e livre de poeira
- Reduzir o consumo de alimentos pesados à noite
Tratamento médico:
- Controle da rinite com medicações específicas
- Cirurgia para retirada de amígdalas e adenoides, quando há hipertrofia importante
- Uso de dispositivos respiratórios noturnos, como o CPAP, em casos graves de apneia
- Orientação nutricional e controle de peso
Cada criança é única — e o tratamento deve ser sempre personalizado.
O papel do pneumologista pediátrico
O pneumologista pediátrico é o profissional mais indicado para investigar e tratar distúrbios respiratórios do sono.
Ele atua em parceria com otorrinos, alergistas e fonoaudiólogos, garantindo um cuidado integrado.
Na Clínica Pulmolab, a avaliação considera não apenas os sintomas respiratórios, mas também o impacto do sono na saúde geral da criança: comportamento, desempenho escolar e desenvolvimento físico.
Prevenção: o que os pais podem fazer em casa
- Estimular o sono adequado (horários regulares e ambiente silencioso)
- Manter o controle de alergias respiratórias
- Evitar exposição à fumaça de cigarro e poluentes
- Incentivar alimentação equilibrada e atividade física
- Buscar avaliação médica ao menor sinal de ronco persistente
A atenção precoce evita complicações e melhora a qualidade de vida da criança e da família.
O ronco infantil não deve ser ignorado. Embora possa ter causas simples, também pode sinalizar distúrbios importantes, como a apneia do sono ou obstruções respiratórias.
A observação dos pais e o diagnóstico médico são fundamentais para garantir noites de sono mais tranquilas e um desenvolvimento saudável.
🩺 Se o seu filho ronca com frequência, respira pela boca ou apresenta sono agitado, procure avaliação com um pneumologista pediátrico.
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Até o próximo!