Crianças que roncam: é só barulho ou um problema de saúde?

Tempo de leitura: 6 minutos

Nem sempre o ronco das crianças é “só barulho”. Embora possa parecer inofensivo, ele pode indicar obstruções nas vias respiratórias ou distúrbios do sono que merecem atenção médica.
Em alguns casos, o ronco é passageiro; em outros, pode comprometer o crescimento, o aprendizado e o comportamento infantil.
Mas afinal, quando o ronco é normal — e quando é sinal de problema?

Crianças que roncam: quando é preciso se preocupar

O ronco infantil e suas causas mais comuns

Roncar é o som produzido pela vibração dos tecidos da garganta durante o sono, geralmente quando há algum tipo de obstrução parcial na passagem de ar.
Nas crianças, as causas mais frequentes são:

  • Rinite alérgica: inflamações nasais e congestão que dificultam a respiração.
  • Aumento das amígdalas e adenóides: o excesso de tecido impede a passagem normal do ar.
  • Desvios anatômicos nasais: como desvio de septo, conchas nasais aumentadas ou pólipos.
  • Infecções respiratórias recorrentes: resfriados e sinusites causam obstrução temporária.
  • Obesidade infantil: o acúmulo de tecido na região do pescoço pode agravar o ronco.
  • Apneia obstrutiva do sono: quando há pausas respiratórias durante o sono.
  • Má posição ao dormir ou sono irregular: hábitos de sono inadequados podem piorar o quadro.

Em resumo: o ronco é um sintoma, não uma doença. E entender sua causa é o primeiro passo para o tratamento adequado.

Quando o ronco é preocupante?

Sinais de alerta

Alguns sinais indicam que o ronco pode estar prejudicando a saúde da criança:

  • Pausas na respiração ou engasgos durante o sono
  • Sono agitado ou despertares frequentes
  • Sonolência diurna, irritabilidade e dificuldade de concentração
  • Atraso no crescimento ou baixo rendimento escolar
  • Respiração bucal persistente, mesmo acordado
  • Olheiras e boca aberta com frequência

Esses sintomas sugerem que o ronco não é apenas passageiro, podendo estar relacionado à Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono Infantil (SAOS), condição que exige avaliação médica.

O que é a apneia obstrutiva do sono infantil?

A apneia é caracterizada por interrupções repetidas da respiração durante o sono, provocadas por bloqueios nas vias aéreas.
Essas pausas reduzem a oxigenação do sangue e forçam o corpo a “acordar” diversas vezes, mesmo que por segundos — o que fragmenta o sono.

Consequências da apneia em crianças:

  • Déficit de atenção e aprendizado
  • Irritabilidade, hiperatividade ou alterações de humor
  • Dificuldade de ganho de peso e crescimento
  • Problemas cardiovasculares, quando não tratada

Segundo a American Academy of Sleep Medicine, cerca de 2% a 4% das crianças podem apresentar apneia obstrutiva do sono, e o diagnóstico precoce faz toda a diferença.

Outras causas que merecem investigação

Nem todo ronco vem da apneia. Outras condições também podem estar envolvidas:

Rinite e alergias respiratórias

A inflamação da mucosa nasal causa entupimento e obriga a criança a respirar pela boca.
Além de ronco, pode causar tosse noturna e sono agitado. O tratamento envolve controle alérgico e, em alguns casos, uso de corticoides tópicos nasais.

Alterações anatômicas

Desvios de septo, hipertrofia de cornetos e pólipos nasais também dificultam o fluxo de ar.
A avaliação otorrinolaringológica é essencial nesses casos.

Obesidade e estilo de vida

O excesso de peso está relacionado ao aumento do tecido mole na garganta, o que estreita as vias respiratórias.
A prática de atividade física e uma alimentação equilibrada reduzem significativamente esse risco.

Hábitos de sono e postura

Dormir de barriga para cima pode agravar o ronco.
Manter uma rotina de sono adequada, com horários fixos e higiene do sono, é uma medida simples que melhora a qualidade respiratória noturna.

Diagnóstico: como investigar o ronco infantil

O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada feita por um pneumologista pediátrico, que investiga o histórico da criança e observa sinais físicos.

Entre os exames utilizados, destacam-se:

  • Polissonografia infantil: exame padrão-ouro que monitora sono, respiração, batimentos cardíacos e oxigenação.
  • Endoscopia nasal ou nasofibroscopia: para avaliar amígdalas, adenoides e cavidades nasais.
  • Radiografias ou tomografias do trato respiratório superior.
  • Testes alérgicos, quando há suspeita de rinite ou outras alergias.

O objetivo é determinar a causa exata do ronco e definir o melhor tratamento.

Tratamentos e abordagens possíveis

O tratamento depende da origem do problema. Em muitos casos, mudanças simples de rotina já ajudam. Em outros, pode ser necessário tratamento médico especializado.

Medidas comportamentais:

  • Regular horários de sono
  • Evitar telas antes de dormir
  • Manter o quarto ventilado e livre de poeira
  • Reduzir o consumo de alimentos pesados à noite

Tratamento médico:

  • Controle da rinite com medicações específicas
  • Cirurgia para retirada de amígdalas e adenoides, quando há hipertrofia importante
  • Uso de dispositivos respiratórios noturnos, como o CPAP, em casos graves de apneia
  • Orientação nutricional e controle de peso

Cada criança é única — e o tratamento deve ser sempre personalizado.

O papel do pneumologista pediátrico

O pneumologista pediátrico é o profissional mais indicado para investigar e tratar distúrbios respiratórios do sono.
Ele atua em parceria com otorrinos, alergistas e fonoaudiólogos, garantindo um cuidado integrado.

Na Clínica Pulmolab, a avaliação considera não apenas os sintomas respiratórios, mas também o impacto do sono na saúde geral da criança: comportamento, desempenho escolar e desenvolvimento físico.

Prevenção: o que os pais podem fazer em casa

  • Estimular o sono adequado (horários regulares e ambiente silencioso)
  • Manter o controle de alergias respiratórias
  • Evitar exposição à fumaça de cigarro e poluentes
  • Incentivar alimentação equilibrada e atividade física
  • Buscar avaliação médica ao menor sinal de ronco persistente

A atenção precoce evita complicações e melhora a qualidade de vida da criança e da família.


O ronco infantil não deve ser ignorado. Embora possa ter causas simples, também pode sinalizar distúrbios importantes, como a apneia do sono ou obstruções respiratórias.
A observação dos pais e o diagnóstico médico são fundamentais para garantir noites de sono mais tranquilas e um desenvolvimento saudável.

🩺 Se o seu filho ronca com frequência, respira pela boca ou apresenta sono agitado, procure avaliação com um pneumologista pediátrico.

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Até o próximo!

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