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Os casos de coqueluche estão aumentando. Nos Estados Unidos cerca de 6.600 já foram documentados só neste ano — quase quatro vezes o número registrado no mesmo período do ano passado. Em 2024, houve mais de 35.000 casos de coqueluche nos Estados Unidos, o maior número em mais de uma década. Dez pessoas morreram, incluindo seis bebês com menos de 1 ano de idade.
A coqueluche, também chamada de Pertussis, é uma doença respiratória altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Essa bactéria é transmitida de pessoa para pessoa. Se alguém infectado com coqueluche tossir ou espirrar, pequenas gotículas contendo a bactéria são liberadas. Pessoas próximas podem se infectar ao inalar as gotículas. A bactéria também pode ser transmitida por contato próximo prolongado, quando as pessoas compartilham o mesmo espaço para respirar — por exemplo, quando uma pessoa infectada segura um bebê no colo.
Os sintomas geralmente começam de sete a 10 dias após o contato com a bactéria. Inicialmente, a pessoa infectada desenvolve sintomas semelhantes aos de um resfriado e outras infecções respiratórias leves, como febre baixa, coriza e tosse. A tosse frequentemente progride para uma tosse seca e intensa, caracterizada por crises violentas de tosse.
Durante essas crises de tosse, as pessoas podem emitir um “guincho” agudo ao tentar respirar após tossir. As crises podem ser tão graves que as pessoas vomitam durante ou depois. Muitas têm dificuldade para dormir. Algumas podem ter dificuldade para respirar, e sabe-se que pacientes podem quebrar as costelas devido à intensidade da força associada à tosse.
A coqueluche é especialmente perigosa em bebês. Globalmente, é uma causa significativa de doença e morte na infância, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Cerca de 1 em cada 3 bebês menores de 1 ano infectados com coqueluche precisará de cuidados hospitalares. Estudos indicam que cerca de 1 em cada 5 pessoas hospitalizadas desenvolve pneumonia, 1 em cada 50 tem convulsões e cerca de 1 em cada 100 morre devido às complicações. Além disso, existem pessoas com problemas de saúde preexistentes que podem ser agravados pela coqueluche. Isso inclui pessoas imunocomprometidas ou com asma moderada a grave. O tempo de recuperação depende de cada pessoa. As crises de tosse geralmente duram entre uma e seis semanas, mas podem persistir por até 3 meses.
O tratamento para coqueluche é feito com antibióticos. Há uma variedade de antibióticos comuns que são eficazes contra a coqueluche, incluindo azitromicina e claritromicina. Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhor será o prognóstico. O tratamento precoce demonstrou reduzir a gravidade e o tempo de recuperação.
Em alguns pacientes, o diagnóstico pode ser feito simplesmente ouvindo a tosse característica. Outros, com sintomas um pouco mais sutis, precisarão de testes utilizando secreção colhidos com cotonete do nariz e da garganta. Pessoas infectadas com coqueluche podem espalhar a bactéria desde o início dos sintomas até pelo menos duas semanas após o início da tosse. Muitos casos de coqueluche podem ser transmitidos por pessoas que pensam ter um resfriado comum antes do início das crises de tosse intensas. O uso precoce de antibióticos pode reduzir o tempo de contágio.
Existem dois tipos de vacinas combinadas que incluem proteção contra coqueluche: a vacina DTaP e a dTpa. Essas vacinas incluem proteção contra tétano (o “T” em cada nome) e difteria (o “D” e o “d” nesses nomes) e pertussis (o “P” ou “p” em cada nome).
A vacina DTaP deve ser aplicada em cinco doses da vacina, administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade, uma primeira dose de reforço entre 15 e 18 meses e, por fim, um segundo reforço entre 4 e 6 anos de idade, de acordo com o calendário de imunização recomendado pelo Ministério da Saúde. A dTpa é então recomendada para todos os adolescentes, sendo a idade preferencial de administração entre 11 e 12 anos.
Adultos que nunca receberam dTpa devem receber uma dose única. Para manter a proteção, todos os adultos também devem receber um reforço a cada 10 anos. Para gestantes, recomenda-se uma dose de dTpa durante a gravidez, administrada entre 27 e 30 semanas de gestação. Recomenda-se que gestantes tomem uma dose extra de dTpa durante a gravidez, administrada entre 27 e 36 semanas de gestação, para transmitir alguns anticorpos ao bebê. Tomar as vacinas reduz a probabilidade de contrair coqueluche, bem como a gravidade da doença, caso a pessoa a contraia.
A principal causa do aumento dos casos de coqueluche se deve ao fato que as taxas de vacinação para a dTpa, juntamente com outras imunizações infantis, têm diminuído. Trata-se de um dado lamentável. É importante lembrar que, no início do século XX, antes da ampla disponibilidade da vacina contra coqueluche, a coqueluche era uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo.
Portanto, completar a série DTaP é importante, assim como receber a vacina dTpa para aqueles que são elegíveis. Indivíduos com sintomas de coqueluche devem ser testados para que possam saber se têm coqueluche e prevenir contato e diminuir a transmissão para outras pessoas.
As pessoas também devem saber que a probabilidade de transmissão dentro de uma casa é alta. Além da boa lavagem das mãos e da limitação do contato com pessoas infectadas, recomenda-se que todos que compartilham a mesma casa com alguém com coqueluche, mesmo que não apresentem sintomas, tomem antibióticos em até 21 dias após o início da tosse da pessoa infectada.
Este método de administração de antibióticos após a exposição, conhecido como profilaxia pós-exposição, pode ajudar a reduzir a chance de contrair coqueluche. Além disso, o CDC apoia o fornecimento de antibióticos para pessoas com alto risco de infecção grave dentro de até 21 dias após a exposição a alguém com coqueluche.
O aumento dos casos de coqueluche serve como um alerta importante para toda a população, especialmente para famílias com crianças pequenas e pessoas em grupos de risco. A doença, embora prevenível, ainda representa uma ameaça grave quando a cobertura vacinal é negligenciada.
Manter o calendário vacinal em dia, reconhecer os primeiros sinais da doença e buscar orientação médica rapidamente são atitudes essenciais para evitar complicações e impedir a disseminação da bactéria. Além disso, a proteção coletiva depende do compromisso individual: vacinar-se é uma forma de cuidar de si e do outro.
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